
Segundo o Psicanalista Contardo Calligaris a patologia, neste começo da pandemia, não está no suposto pânico, mas na negação do que está acontecendo.
Ao ler esta frase recordei-me da talvez mais poderosa imagem do desespero do início do seculo XXI fotografada por Richard Drew.
Olhem para esta foto do dia 11 de setembro de 2001, World Trade Center, 09h 41 ́15 ́ ́. Segundo o teólogo Mark D. Thompson talvez esta seja a mais poderosa imagem do desespero. Ficou conhecida como “The falling man “. Este homem escolheu saltar? Há uma aparente serenidade e uma suspensão no tempo e espaço como se todos nós naquele momento traumático fossemos convidados a observar o nosso corpo em queda para, paradoxalmente, garantirmos a nossa sobrevivência psíquica, como se fossemos meros observadores dum processo em que ficamos dissociados das nossas emoções. Imobilizada num lugar do irrepresentável, esta imagem deixou de ser apresentada durante uma década, pois o horror traumático do mergulho para a morte “escolhido” por outros 200 seres, envolve um pudor pessoal e íntimo, doloroso demais para ser evocado.
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