
A experiência da passagem do tempo não é igual para toda a gente, que é o mesmo que dizer que não é linear. No entanto, a impossibilidade de encerrarmos o confinamento tem produzido um efeito genericamente desorganizador. Levamos um ano disto e não há, de forma clara, um fim à vista. O futuro parou e agora é como se nem pudesse ser imaginado, como se tivesse ficado suspenso. Uma suspensão que parece relacionar-se também com a expectativa de que a cura ou a doença – e com ela a possível morte – chegue finalmente. Aguardar o embate certo é, frequentemente, pior do que o próprio embate.
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