
Algo diferente e profundamente inquietante se instalou no meu amplo e novo consultório. Foi depois de um estranho fim de semana de Março, onde a agitação da cidade, que lá em baixo se avista, ficou reduzida a um deserto de vento silencioso. Os cães que corriam soltos no imenso parque de estacionamento e onde os carros estavam inexplicavelmente ausentes deram-me o sinal. Hitchcock, o mestre do suspense, parecia ter-se apoderado do enredo: o enorme edifício de escritórios estava sem vida, e na praça que contemplo, habitualmente agitada, somente os semáforos continuavam a reclamar ruidosamente a presença de uma multidão agora inexistente. Percebo então a postura dos poucos corpos fugidios que ainda alcanço, retraídos, distantes e apressados.
Continuar a ler Psicanalista em confinamento